Cinco importantes cuidados com medicamentos
Data: 05/02/2019

O Brasil ocupa a sétima colocação no ranking mundial de consumo de remédios – o que pode ser um indício de consumo irracional de medicamentos. Todos têm aquela farmácia caseira guardada em algum lugar de casa com remédios antigos ou de uso recorrente. Mas você está utilizando-os e cuidando deles corretamente? Veja abaixo riscos e recomendações sobre o consumo consciente e cuidados com medicamentos.
Caixa de remédios deve estar limpa e organizada
Os medicamentos podem sofrer alterações físico-químicas, o que altera a eficiência terapêutica pelo modo de armazenamento. Se você tem aquela caixinha de remédios em casa, guarde-a em local fresco, seco e protegido da luz e mantenha os medicamentos em sua embalagem original. Não os deixe no banheiro (local úmido) nem na cozinha (quente), caso contrário, eles podem perder suas propriedades antes mesmo da data de validade expirar. Faça a limpeza da caixinha constantemente, retirando pó e mofo e separando os remédios vencidos (saiba mais na matéria “Como limpar e organizar a caixa ou o armário de remédios com seis dicas simples“. Não guarde a caixa perto de cosméticos ou de produtos de limpeza, e tome cuidado com insetos e outros animais. Alguns medicamentos necessitam de um tipo de armazenamento especial, como resfriamento. Consulte a bula para ter certeza e, lógico, sempre mantenha-os fora do alcance de crianças e de animais para evitar ingestão acidental.
Não faça automedicação
Existem consensos sobre a administração de medicamentos: todos sabem que não é certo tomar medicamentos sem antes consultar um médico, mas muitas pessoas ainda fazem isso. A automedicação é um problema recorrente que pode causar sérios danos à saúde. Segundo o Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade(ICTQ), mais de 76% da população se automedica por indicação de amigos e parentes e a maioria é composta por jovens (16 a 24 anos) e escolarizados (ensino superior). A automedicação com o uso incorreto e indiscriminado de medicamentos pode mascarar um sintoma que a pessoa pensa ser simples, mas que pode ser grave. Há também o risco de agravamento da doença, dependência e eventos adversos, por isso o uso deve ser acompanhado por um profissional da saúde (saiba mais na matéria “O que são eventos adversos a medicamentos (EAM)?“). O uso racional dos medicamentos depende tanto do médico quanto de você – só tome medicamentos quando realmente necessário e sempre procure orientação médica.
Com o remédio, tome apenas água
O ideal é ingerir seu medicamento com água. Lembre-se que o estômago possui pH ácido, portanto os remédios são desenvolvidos para este ambiente, ou para serem absorvidos no estômago ou no intestino. A bebida que você ingere pode alterar o pH do estômago e, consequentemente, a absorção do medicamento. Outras bebidas, como sucos, refrigerantes e leite podem reagir quimicamente com os compostos do medicamento e comprometer a eficiência.
Ingerir o medicamento sem água também não é aconselhável, a água ajuda a passagem do medicamento pelo esôfago evitando que este fique retido, além de haver chances de perder um pouco da dose do medicamento. Isso também se aplica a remédios de gotas, que podem ser diluídos em água.
Álcool e medicamento também é uma mistura perigosa, que pode cortar a eficiência de alguns medicamentos, potencializar o efeito do álcool, causar sonolência, perda de coordenação, entre outros. Ambos são metabolizados pelas enzimas do fígado e, quando ingeridos simultaneamente, o fígado não sabe qual metabolizar primeiro e acaba fazendo seu trabalho incompleto para os dois.
Tem problema partir o comprimido?
Muitos consumidores têm o costume de triturar o comprimido ou abrir a cápsula do medicamento para facilitar a ingestão, principalmente para crianças ou para dividir a dosagem. Mas essa prática está totalmente errada (exceto quando orientada pelo médico). Por que você acha que os medicamentos possuem revestimentos diferentes? Eles são desenvolvidos para serem absorvidos pelo melhor local e, aos poucos, o revestimento de cada comprimido irá resistir ou não ao suco gástrico do estômago para chegar ao intestino, onde é melhor absorvido, e liberar o princípio ativo lentamente. Quando você parte o comprimido, o revestimento é destruído e o medicamento é absorvido muito rápido e no local errado. Geralmente os comprimidos que possuem uma linha no meio são feitos para a repartição, mas consulte antes a bula do medicamento e um profissional da saúde.
Nunca consuma medicamentos falsificados
Em matéria da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) pelo menos 15% do comércio mundial de medicamentos é composto por versões falsificadas. Um medicamento falsificado é um “produto embalado e etiquetado indevidamente, de maneira deliberada e fraudulenta, em que não se respeita sua fonte ou identidade, podendo conter alterações e adulterações em sua fórmula original”. Esses produtos são feitos geralmente em laboratórios clandestinos em condições precárias de segurança e higiene, contrabandeados e chegam a ser vendidos pela metade do preço original. São medicamentos encontrados em locais como feiras e camelôs, e principalmente na internet – os mais comuns são estimuladores da função erétil, reguladores de apetite, abortivos, anabolizantes, quimioterápicos e fitoterápicos.
Tais medicamentos contêm diferentes compostos e contaminantes e podem agir imprevisivelmente no nosso organismo, podendo não ter eficiência terapêutica e causar reações adversas e intoxicações. Existem também os medicamentos de cargas roubadas, onde também não há garantia da integridade do produto. Portanto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) faz uma série de recomendações para adquirir com segurança seus medicamentos:
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Não compre medicamentos em feiras e camelôs, somente em farmácias e drogarias;
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Exija nota fiscal;
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Se o medicamento não fizer efeito; procure o médico;
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Verifique se a embalagem está intacta, lacrada, com o nome do medicamento bem impresso. As embalagens também possuem um espaço para ser raspado com algum material metálico, que esconde a palavra qualidade e a logomarca da fabricante escrita com uma tinta que reage com o ar, formando a marca. Para serem comercializados, todos os medicamentos necessitam dessa marca;
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Verifique se existe o número de registro no Ministério da Saúde;
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A bula deve ser original e nunca uma cópia.
Em caso de suspeita ou diferença encontrada, é necessário contatar o órgão de saúde local ou a empresa farmacêutica que fabrica o medicamento.
Fonte: Ecycle